Titulo: Lost Odissey
Plataforma:
Xbox 360
Lançamento: 12/02/2008
Desenvolvedora: MistWalker
Distribuidora: Microsoft Game Studios
Review:
Retirado do Site
www.gametv.com.br Um novo olhar para uma série clássica
06/03/2008 - por Gabriel Morato
Hironobu Sakaguchi, criador da série Final Fantasy, abandonou a Square e formou a produtora Mistwalker. Seus dois primeiros projetos foram Blue Dragon, um claro clone do rival Dragon Quest, e agora Lost Odyssey, cujo título vago e genérico deve deixar claro para muitos ser um clone de Final Fantasy. A nova aventura para Xbox 360 é uma clara tentativa de retomar elementos de títulos como o quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo e décimo episódios dessa saga - e apesar de alguns defeitos sérios na produção, as qualidades mais que fazem essa épica jornada valer a pena.
Lost Odyssey conta a história de Kaim Argonar, um guerreiro imortal e sem memória que vaga por um mundo fantástico pelos últimos 1000 anos. Esse planeta se encontra em uma "revolução mágico-industrial" - oferecendo não apenas uma série de novas comodidades para a vida cotidiana, mas também servindo como munição para perigosas guerras entre as diferentes nações. Kaim é recrutado por uma delas para investigar uma instalação mágica que parece ter resultado em um catasclima enorme: a queda de um meteoro no meio de um campo de batalha (quaisquer semelhanças com Final Fantasy VII não são mera coincidência).
Uma das primeiras surpresas do jogo é não trazer um adolescente revoltado como protagonista. Kaim é certamente lacônico no começo da aventura e bastante misterioso... mas durante suas jornadas, ele e os demais protagonistas vão revelando seus lados humanos com bastante intensidade - e o grupo inclui todo tipo de personagem, todos bem representados e bastante diferenciados. Do apelo cômico de Jansen (que vai lembrar muitos do comediante Billy Crystal) à inocência da dupla mirim, passando por outros perfis como uma rainha que se sente obsoleta, uma aventureira torturada, uma mãe carinhosa, um príncipe confuso... pode levar um tempo, mas você vai se importar com todos eles - e provavelmente lembrar com saudade do elenco igualmente variado de Final Fantasy VI.
Uma adição bastante controversa do jogo é uma série de contos espalhados pelo mundo ao realizar certos eventos, que trazem à tona memórias dos protagonistas imortais sobre suas viagens. Esses "sonhos" acontecem na forma de textos que são mostrados na tela com imagens estáticas que lembram uma apresentação de PowerPoint. Elas nem são narradas, sendo acompanhadas apenas de belos solos de piano e ocasionais efeitos sonoros. Curiosamente, esses contos são algumas das mais belas histórias já vistas em um game, lidando sobre guerra e mortalidade com muita poesia e lirismo. É fácil criticar a falta de interatividade ou sequer um mínimo de produção, mas como os sprites minimalistas de era do SNES, essa entrega arrancará muitas lágrimas dos desavisados e ilustram de uma maneira impressionante não só os personagens, mas também esse universo.
Só que enquanto a narrativa é interessante, a jogabilidade deixa muita a desejar. Com suas batalhas baseadas em turnos repletas de maneiras de aprender novas habilidades (outra marca registrada de Final Fantasy), o sistema parece ter passado mais tempo em pré-produção do que na execução: as lutas não são muito numerosas e demoram demais, impedindo jogadores de ganhar experiência sem perder quantidades desordenadas de tempo - e mesmo assim se gasta muito pouco tempo lutando ou usando os inúmeros sistemas de criação de itens e personalização de habilidades. Se você achava que Xenosaga I tinha um equilíbrio ruim entre jogar e assistir, Lost Odyssey pode redefinir esse padrão.
A produção geral do jogo, porém, remete aos valores que a Square definiu em Final Fantasy VIII, com um universo excepcionalmente bem executado e detalhado. A atuação dos atores virtuais impressiona e não falha em arrancar emoções dos jogadores - repetindo muitos dos truques técnicos vistos em Blue Dragon como desfoque de planos e múltiplas câmeras simultâneas, só que aqui eles são muito mais bem utilizados - mas com um porém: a taxa de quadros é completamente inconsistente. A trilha sonora traz a marca registrada do músico Nobuo Uematsu (que cuidou da maior parte da série Final Fantasy), mas com um enfoque em composições mais simples e sutis. A tradução também é de primeira linha, se marcando como uma das melhores já vista... e o game deixa até você escolher a voz dos diálogos incluindo inglês, japonês e várias línguas européias.
Se já não ficou completamente claro, Lost Odyssey é uma espécie de novo começo para a série Final Fantasy como seu criador original parecia envisionar. Apesar das falhas, que não são poucas e certamente são sérias, alguns toques de mestre fazem com que esse título mereça a atenção daqueles que sentiram que o carro-chefe da Square estava se descarrilando.
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