Titulo: Turok
Plataforma:
Xbox 360, PC
Lançamento: 31/01/2008
Desenvolvedora: Propaganda Games
Distribuidora: Buena Vista Games
Review:
Retirado do Site
www.gametv.com.br Um novo passeio pelo parque dos dinossauros
26/02/2008 - por Fernando Mucioli
Índios viajantes do tempo que empalam dinossauros com flechas e explodem tanques com canhões de plasma – essa foi a mistura que elevou Turok à posição de nova espécie dominante na era Nintendo 64. Mas à medida que a selva dos jogos de tiro ficou mais perigosa, essa raça de caçadores foi ficando pouco a pouco para trás... mas com a chegada da nova geração, está claro que o instinto guerreiro ainda não desapareceu.
Marcando a passagem da série das mãos da Acclaim para a Touchstone, o novo game também traz boas diferenças com relação aos seus ancestrais. Primeiro de tudo, esqueça a idéia de um herói que tire suas forças da tradição indígena dos Estados Unidos (pelo menos diretamente). Ex-membro de uma milícia paramilitar, Joseph Turok é o mais novo membro de uma equipe de fuzileiros espaciais de elite. Sua missão: capturar Roland Kane, criminoso de guerra que, por acaso, tem como base de operações um planeta infestado por criaturas escamosas, carnívoras e nada amigáveis.
Mas releve o fato de que Turok e seus amigos passam o tempo todo querendo ser Marcus Phoenix (Gears of War) com seus penteados, barba por fazer e voz desnecessariamente grossa para compensar alguma outra coisa: a boa e velha ação está de volta, e é preciso muito mais do que um cérebro de réptil para sobreviver nessa floresta. O passeio pelo planeta misterioso de folhagens vistosas é, em sua maior parte, uma caminhada em linha reta – corredores estreitos que conectam áreas maiores, cenário para grandes tiroteios e caçadas. As trilhas acidentadas têm sua cota de surpresas, mas é nesses espaços maiores que, com o perdão do trocadilho, o bicho pega.
Humanos e dinossauros são os dois tipos básicos de inimigos que você encontrará nesse planeta. Os primeiros não se diferenciam muito dos vilões de armadura e metralhadora com balas infinitas. Eles atiram, se escondem, buscam reforços e fazem quase tudo o que se pode esperar de um guerreiro em situações reais e forçando o jogador a se adaptar e pensar em novas estratégias a todo momento. “Quase”, por que a inteligência artificial e a percepção dos vilões podem variar entre uma mula cega, surda e manca e uma águia. Basta se esconder nos arbustos para tentar um assassinato silencioso: alguns não vão reagir nem se um colega cair morto do seu lado, outros vão te perceber imóvel a quilômetros de distância. O pior de tudo é quando o seu parceiro te culpa por ter chamado os inimigos...quando ele mesmo entrou na linha de visão adversária.
Combater os dinossauros furiosos, por outro lado, é tão emocionante e imprevisível quanto deveria ser. Eles sempre atacam em bandos, se movem sem praticamente padrão nenhum, brigam entre si e, o melhor de tudo, atacam também os seus inimigos humanos. Experimente enfrentar um pequeno grupo de velociraptors numa área de grama alta: você dificilmente vai saber com exatidão onde eles estão até que seja tarde demais. Obviamente, a natureza selvagem dessas criaturas abre várias possibilidades divertidas, principalmente em áreas difíceis: você pode, por exemplo, esperar que as duas “facções” inimigas se destruam mutuamente ou usar um sinalizador de luz para atrair a atenção das feras – seja para um lugar ou uma pessoa.
Mas a vida na floresta é dura, e ainda existem algumas coisas que impedem Turok de ser o rei definitivo do vale perdido. Como já mencionado, tentar depender exclusivamente de movimentos e combate furtivo para prosseguir pode ser tão emocionante quanto terrivelmente frustrante. O arco e flecha, uma das armas furtivas e ponto de maior identificação com os games antigos, têm alcance tão curto que é praticamente inútil em combates sérios. Já a faca é mais recompensadora, podendo ser usada para despachar automaticamente tanto animais quanto pessoas, se você conseguir pegá-las desprevenidas.
Outro grande problema é o ritmo inconstante em que o jogo salva automaticamente. Em algumas áreas, o progresso vai sendo guardado constantemente mesmo que não haja ninguém para combater, e logo depois você é obrigado a passar por ondas repetidas de inimigos sem nem um momento para respirar. Essa instabilidade, aliada à falta de um arsenal variado, faz com que Turok passe a linha da dificuldade e torne-se injusto.
Os gráficos, apesar de bem construídos com florestas e expressões faciais detalhadas, não faz nada que já o próprio Gears of War não tenha mostrado ainda melhor. E o multiplayer online, com seus vários modos, mistura humanos e dinossauros no meio das partidas, o que ajuda a esquentar as coisas tanto na PS Network quanto na Xbox Live. Mas mais do que isso, o jogo faz lembrar, pelo menos um pouco o estouro que foi quando o índio original deu seu primeiro tiro. Apesar de ainda não fazer jus à primeira aventura, que ficou marcada na história por ser um dos primeiros jogos de tiro para console realmente competentes, o novo Turok acaba com a nuvem negra que trouxe os desastres que seguiram a versão Nintendo 64.
Apesar de não ter mais penas na cabeça nem peito à mostra, caçar dinossauros (e humanos) no novo Turok é mais divertido do que parece, com tiroteios desafiadores e vários jeitos de encarar cada missão. Não é nenhum Call of Duty 4, mas mesmo assim é o suficiente para deixar os caras-pálidas felizes.
Imagens: