Titulo: Ninja gaiden Dragon Sword
Plataforma:
Nintendo DS
Lançamento: 26/03/2008
Desenvolvedora: TECMO
Distribuidora: TECMO
Review:
Ninjas nunca são demais
Nota: 9,5
Imagine-se de volta a 1989. Depois de detonar Mario, Mega Man e Castlevania de trás para frente quinze vezes, você se depara com um certo ninja azul. Com sua fiel espada na mão e um arsenal de técnicas especiais, nenhum desafio é problema. Na sua frente, um pequeno abismo. “Sem problemas”, você pensa, pulando graciosamente em direção ao outro lado... apenas para ver uma águia surgir do nada, voar como kamikaze na sua direção e fazer com que o bravo herói encontre caia para a sua morte. O processo se repete de 15 a 20 vezes. Um controle se espatifa na parede.
Ninja Gaiden Dragon Sword é o primeiro jogo da famosa série da Tecmo a ser lançada numa plataforma da Nintendo, desde que o Team Ninja decidiu despir Ryu Hayabusa de seus pijamas e dar-lhe uma bela roupa de couro. Durante o tempo que passou no Xbox a série abandou seu status de simples clássico e voltou à cena como um dos mais eletrizantes, difíceis e violentos jogos de ação da atualidade – ficando no mesmo nível de God of War e Devil May Cry. A falta dos músculos e da cara de mau necessários para fazer jus à fama dos ninjas no amigável portátil de duas telas fez muitos duvidarem do destino do herói na sua nova empreitada. Mas não é preciso ter medo: esse é simplesmente o melhor jogo de ação para o Nintendo DS.
A nova aventura é uma seqüência direta do jogo para o Xbox. Seis meses depois de Ryu derrotar Doku e estilhaçar a Espada do Dragão Negro, o herói descansa na agora reconstruída vila Hayabusa e treina uma nova geração de guerreiros. Mas a paz aparente não dura muito: o clã rival dos Ninjas Aranha invade a aldeia e seqüestra Momiji, companheira de Ryu e nova sacerdotisa da Linhagem do Dragão. Mais do que um simples confronto entre facções, o rapto se mostra algo ainda maior: uma conspiração orquestrada por demônios para mergulhar o mundo em um estado de caos e destruição. Mais uma vez, é hora de preparar as shurikens, enrolar os pergaminhos de magias e empunhar a Espada do Dragão – literalmente.
Dragon Sword tem sua jogabilidade quase que exclusivamente baseada no uso da caneta e da tela sensível do Nintendo DS, e francamente é difícil pensar em algum outro jogo que use esses recursos tão bem, mesmo em clássicos como Trauma Center e Legend of Zelda: Phantom Hourglass. Assim como na aventura de Link, você faz o ninja andar apontando com a caneta na direção desejada, mas as diferenças param aí. “Cortes” horizontais, verticais ou diagonais e cima dos inimigos faz com que Ryu saque sua espada e mostre suas habilidades de luta, enquanto um riscar para cima faz com que ele pule. Com pequenos toques no alvo desejado, é possível arremessar shurikens e disparar flechas, e manter a caneta apertada em cima do herói ou apertar qualquer botão do console faz com que ele se defenda.
As técnicas Ninpo, com as quais o herói convoca bolas de fogo, raios e tufões também e estão de volta, e também usam perfeitamente a tela do DS. Para convocar esses poderes místicos, é só ter Ki suficiente e tocar um ícone que fica ao lado da barra de vida. O jogo então corta para uma outra tela, que mostra Ryu recitando os mantras o feitiço – e antes que ele termine você precisa preencher o desenho de um caractere em sânscrito. Daí é só guiar o poder mágico pela tela com a caneta e causar destruição em massa. Apesar de parar a ação, o processo é rápido e interativo, o que mantém ainda mais a sua atenção no jogo e não atrapalha o ritmo da luta.
Os comandos são ensinados um por um em um tutorial rápido e interativo (ou seja, cheio de inimigos), e logo nos primeiros minutos você já estará se sentindo como um verdadeiro mestre. Todos os movimentos ainda podem ser combinados para realizar golpes que Ryu já tinha no console, como o pilão giratório e os ataques voadores – tudo com agilidade e facilidade incríveis. Na verdade, é difícil sair de uma sessão de Dragon Sword sem ficar morrendo de vontade de correr para um Xbox ou PS3 e cortar alguns ninjas ao meio, tamanha a fidelidade alcançada pelo Team Ninja na versão DS.
O jogo talvez só seja frustrante para os verdadeiros ninja-casca grossa. Com exceção de alguns picos que elevam a dificuldade a níveis estratosféricos, Dragon Sword é uma aventura relativamente tranqüila. A cada três ou quatro telas existe um ponto onde você pode salvar e recuperar totalmente sua energia vital e Ki, e apesar de numerosos os inimigos não apresentam desafio maior do que se defender de vez em quando e pular aleatoriamente de um lado para o outro.
No final de cada estágio um grande chefe monstruoso está à espera para devorar Ryu, ocupando uma sala inteira e usando de garradas a baforadas para vencer. E apesar de toda a sua glória 3D de alta qualidade impressionar, uma vez que você memoriza os padrões de ataque não é difícil derrubar os vilões. E mandar um Ninpo de alta potência de vez em quando também não é nada mal.
Visualmente, os ninjas de Tomonobu Itagaki deram uma demonstração de como trazer à tona a força interna do pequeno gafanhoto da Nintendo, apresentando os melhores gráficos poligonais da história do DS. Ryu, os chefes gigantes, os cenários e principalmente as animações rápidas e fluidas contribuem para que a experiência Ninja Gaiden se mantenha intacta e emocionante como nunca. E para quem sente saudade da era NES, a clássica vinheta que marcava o início de cada fase está de volta, totalmente remixada.
O único problema grave do novo Ninja Gaiden não está nem no jogo em si, mas no DS. Você controla Ryu segurando o portátil na vertical como em Brain Age, mas esse não é o problema. Agora, combine horda intermináveis de inimigos com a necessidade de usar a caneta para lutar e uma tela que risca. Isso significa que finalmente as roletas de Elite Beat Agents não são mais as maiores pelas “cicatrizes de batalha”. Usar uma película protetora não é só altamente recomendável. É praticamente obrigatório.
No final das contas, o ditado estava certo: a caneta É mais forte que a espada. Se você tem um DS e está procurando um jogo de ação, não tem mais porque ter dúvida – vista a sua máscara e mãos à obra.
Imagens: