Titulo: Spore
Plataforma: PC
Data de lançamento: 07/09/2008
Desenvolvedor:Maxis
Distribuidor:Electronic Arts
Configurações mínimas:
Windows XP/Vista, MacOSX
Review:
Retirada do Site
www.gametv.com.br A vida, redefinida
22/02/2008 - por Gabriel Morato
A roda do mouse é uma das maiores evoluções desse importante acessório de computador desde sua invenção, mas seu uso nos games tem sido pouco útil até o momento: você pode trocar de arma em alguns jogos de tiro ou mudar o zoom do mapa em títulos de estratégia. Mas se parece que essa segunda função pode ter inspirado todo um novo tipo de desafio em Spore, a mais nova criação da mente por detrás de SimCity e The Sims.
O conceito mais básico de Spore é simples, mas especialmente revolucionário: o que lhe é oferecido é um conjunto de ferramentas para criar o conteúdo você mesmo. Ao invés de receber um personagem e mundo prontos, cabe a você criar essas variáveis para enfrentar os desafios apresentados. E como tudo isso começa? Com um organismo unicelular em meio a uma sopa primordial. Você precisa então consumir proteínas e ir evoluindo esse ser... em uma jornada que vai afastando o ponto de vista até atingir uma escala galática! Você vai ter de rodar MUITO a roda do mouse para compreender todo o escopo disso.
Essa primeira fase, intitulada de "poça", a experiência não é muito diferente de um Pac-Man tunado no melhor estilo Need for Speed: você anda sobre um plano bidimensional se alimentando (e fugindo de outros seres que querem fagocitar você) até conseguir o suficiente para "evoluir", ou seja, entrar no editor que deixa você adicionar peças ao seu avatar. E é aí que Spore começa a mostrar seu lado único: o game traz um poderoso editor que deixa você arrastar peças variadas e colá-las no bicho - flagelos, olhos, bocas... tudo isso vai deixando você mais competitivo, até o ponto que será possível adicionar garras e nadadeiras... e finalmente, patas. Nesse momento, você passa para um novo estágio evolucionário.
E assim começa a fase "criatura". Agora em terra, você pode ver a superfície do planeta que habita - mas também começa a lidar com predadores muito mais perigosos. O editor de criaturas se torna muito mais variado: As possibilidades de criação são praticamente infinitas, já que você pode colocar qualquer peça em qualquer lugar. Quer fazer um ser que anda com quatro pernas simétricas e duas extras na frente, para então colocar um braço saindo do meio do tórax com uma boca na ponta e olhos na cauda? Isso é possível, e o game calcula e cria todas as animações automaticamente. Mas somente com sua criatividade e planejamento será possível garantir a sobrevivência. Ao invés de simplesmente procurar alimento, você agora deve também começar a se preocupar com outras partes do processo de propagação da espécie - acasalamento. De acordo com a estrutura do seu animal, você terá acesso a diferentes golpes, chamados de acasalamento e até algumas ferramentas básicas de comunicação. Uma vez que você consiga se tornar a espécie dominante desse espaço, Spore novamente passa por uma metamorfose.
E assim começa a fase "tribal". Não mais controlando apenas uma criatura, agora você passa a gerir um pequeno grupo. Sua preocupação é desenvolver ferramentas rudimentares não muito diferentes do que faziam os homens das cavernas. Sua vila vai crescendo e você começa a usar o editor para desenvolver suas moradias, e sua criatividade é a única restrição. E assim, quando a primeira cidade surgir, você entra na fase de "civilização". Agora você pode começar a desenvolver os primeiros veículos, e tentar interagir ou obliterar outras culturas.
Mas o Grand Finale dessa ópera evolutiva chega na fase "espacial", quando você começa a criar seus discos voadores capazes de viagens interplanetárias. Agora a galáxia inteira está à sua disposição, e você pode fazer contato com seres de outros planetas, tentar deixar esses outros corpos celestes compatíveis com suas necessidades atmosféricas... ou simplesmente raptá-los para experiências científicas, como um bom alien. Uma série de missões são sugeridas pelo games para manter você motivado nessa fase.
A estrutura de conteúdo procedural desenvolvida pelos criadores certamente faz com que cada jogador tenha um universo único (existe até uma ferramenta feita em parceria com o músico Brian Eno para você criar melodias típicas para sua raça, e até trilha sonora convencional do jogo vai se modificando de acordo com suas decisões na edição da sua raça), mas isso não impediu a Maxis de incluir um pesado elemento social em Spore. Ao invés de vir com uma série de outras raças pré-programadas ou gerá-las aleatoriamente, você pode acessar conteúdo de outros jogadores com conexão à Internet e popular seu game com virtualmente qualquer coisa: criaturas, veículos, cidades, naves... todos eles organizados com um sistema que traz dados como autor, popularidade, etiquetas e conjunto. Gostou de algo que viu? Um simples clique e você pode ver tudo que essa mesma pessoa criou.
Se os planos da Maxis derem certo, as ferramentas de comunidade serão tão eficientes que você poderá com alguns poucos toques publicar um vídeo de sua criatura no Youtube, criar uma história em quadrinhos ou até encomendar uma caneca com a imagem delas a ser entregue na sua casa... sem precisar sequer sair do jogo. Da mesma forma o software terá suporte a "Sporecasts", ou seja, você poderá "assinar" conteúdo de um determinado grupo ou autor para receber atualizações de suas criações sem precisar acessar a interface constantemente. Esses itens englobam muitas variedades, como vegetação, comidas, planetas...
As possibilidades de Spore são tantas que é difícil até imaginar como o produto final acabará ficando, mesmo sabendo tanto sobre ele. E com a liberdade de jogar qualquer fase a qualquer momento e galáxias com cerca de meio milhão de planetas por partida, é difícil imaginar um cenário onde você ficaria sem algo divertido para fazer. E se The Sims é um indicativo, a comunidade deve gerar conteúdo em velocidades inacreditáveis. Com tudo isso, mesmo Spore sendo naturalmente um título para um jogador, ele potencialmente pode redefinir o conceito de cooperatividade nos videogames.
Imagens: