Titulo: Devil May Cry 4
Plataforma:
Play Station 3 , PC
Lançamento: 05/02/2008
Desenvolvedora: Capcom
Distribuidora: Capcom
Review:
Retirado do Site
www.gametv.com.br Bem-vindo de volta ao inferno
15/02/2008 - por Fernando Mucioli
Em uma era perdida, humanos e demônios lutaram pelo domínio da nossa dimensão. Acuados, despreparados e desesperados, os habitantes do mundo dos vivos preparava-se para encarar a derrota total, quando um último raio de esperança surgiu: Sparda, um dos mais poderosos cavaleiros a serviço das hordas demoníacas, trai sua nação, e com o último fio de vida em seu corpo, sela as forças malignas no seu reino maldito. Em nosso mundo, deixou dois filhos gêmeos – cujos destinos se entrelaçariam muitas vezes na interminável luta pelo destino da Terra.
Assim começa a história de Devil May Cry, a série da Capcom mundialmente conhecida pela sua dificuldade ridiculamente alta, armas exageradas, frases feitas, e pessoas que surfam em mísseis. Mas no quarto jogo da série – que como Sparda, deserdou de leve a sua terra-mãe e foi para o Xbox 360 – os heróis não são os filhos do cavaleiro negro... pelo menos não diretamente. Toda a loucura de tiros, espadadas e explosões dos outros jogos estão de volta, melhor do que nunca, mas é chegada a hora de dar às boas vindas a um novo herói.
O caçador de demônio da vez é Nero, membro de uma ordem religiosa que venera ninguém menos que o próprio Sparda – último grande defensor da humanidade. Com exceção de ataques esporádicos de criaturas misteriosas, a comunidade vive em paz até que um dia, em meio a uma sessão de orações presidida pelo “Papa” do culto, o ex-herói Dante dá as caras e, sem dizer uma palavra, assassina o líder espiritual. Depois de trocar “gracejos” (que nesse contexto está mais para “pancdas”) com o antigo herói, Nero recebe sua nova missão: perseguir o misterioso homem do casaco vermelho e fazê-lo pagar por seus crimes. Mas há mais aí do que o jovem de língua afiada pode imaginar.
Mesma cor de cabelo, mesmo espadão, mesmas acrobacias e mesma atitude pouco humilde podem levar a acreditar que Nero seja um clone de Dante também no que diz respeito à como ele lida com as ameaças do mundo inferior. Felizmente, não são. Veteranos nas caçadas a demônios vão encontrar algumas similaridades aqui e ali, principalmente nos combos básicos, mas o herói do novo Devil May Cry tem alguns truques para ensinar ao velho lobo.
A principal diferença (que separa totalmente os dois personagens) é o Devil Bringer – o demoníaco braço direito de Nero – e saber usá-lo poder ser tão fatal quanto as suas fiéis Red Queen (a espada) e Blue Rose (o revólver). Ele essencialmente permite que você agarre e arremesse monstros (e alguns objetos) a qualquer momento, estejam eles distantes ou no meio de um combo. Apesar do conceito simples, a sua simples existência torna as batalhas ainda mais ferozes do que já eram: você bate, bate, bate, atira, puxa o inimigo, bate mais, joga ele longe, atira de novo, repete e varia até que todos as criaturas malignas virem pó.
Além de apresentar esse pequeno (e muito útil) truque, Devil May Cry 4 permite, pela primeira, vez, personalizar os combos de espada e outras habilidades de herói usando um novo sistema de evolução. Além das esferas vermelhas, velhas conhecidas desde a primeira aventura de Dante, um bom desempenho durante as fases rende “Proud Souls”. Enquanto as primeiras continuam sendo usadas para comprar itens variados, a nova moeda pode ser trocada por evoluções da Devil Bringer, combos mais longos, mais força para a pistola e uma grande variedade de truques para ajudar Nero. Mas por mais útil que pareça, esse poder tem um preço: as Proud Souls só são dadas ao jogador no final de cada fase, dependendo do quão bom foi o seu desempenho. Logo, quanto pior você for, menos ajuda vai ter nas fases mais difíceis. Felizmente, se você cometer algum engano, pode devolver a habilidade comprada e ter seu dinheiro todo de volta.
O veterano Dante, por outro lado, esbanja armas e malabarismos quando chega a hora de ajudar seu pupilo a seguir adiante. Os quatro estilos básicos de DMC3 – Swordmaster, Gunslinger, Royal Guard e Trickster – estão de volta exatamente iguais às suas versões originais, assim como a fiel espada bastarda Rebellion e as pistolas Ebony e Ivory. No ponto em que Dante entra na história (suas fases se intercalam com as de Nero), só isso já é suficiente para que ele varra o chão com a maioria dos inimigos (e chefes) sem muito problema. Mas a adição de outras armas como a Pandora – uma valise que pode assumir formas diferentes, incluindo um lançador de mísseis que explode tudo na tela – tornam o caçador de demônios uma verdadeira máquina de combate... e deixa o jogador mal acostumado para quando tiver que voltar à Nero.
Com dois personagens, novas armas, habilidades, gráficos impressionantes e trilha sonora eletrizante, o único jeito de se decepcionar de verdade com Devil May Cry 4 é esperar que ele tenha algo de muito diferente com relação aos seus predecessores. O jogo tem alguns poucos defeitos, como algumas áreas nas quais é fácil demais de se perder e objetivos pouco claros, mas ele é tão bom quanto qualquer outro DMC. Espere por lutas longas e intensas (e de certo modo repetitivas) e encontros violentos com chefes gigantes e monstruosos... para os quais você vai morrer várias, várias vezes. Se você já gostava da série, não há erro; mas se não gostava, não há muito para tentar te convencer do contrário. Mas se você nunca jogou um Devil May Cry, sinta-se feliz e não tenha medo de começar por aqui: o game não é nem tão cruel quanto o terceiro DMC, nem tão “passeio no parque” quanto o segundo. É a medida certa para formar novos e (possivelmente) habilidosos caçadores de demônios.
Não machuca nada também ver que o quarto jogo da série é o mais bonito até agora – e um dos mais graficamente impressionantes dessa geração de jogos. Rodando constantemente a 60 quadros por segundos, efeitos de luz impressionantes e animações em tempo real agraciam a tela a todos os momentos. Além disso, o novo Devil May Cry traz o roteiro mais surpreendente de sua história, com algumas reviravoltas que não são tão óbvias quanto parecem. E só o fato de ter conseguido dar uma voadora com os dois pés na cara de Dante já é mais do que motivo para respeitar o esquentado Nero.
Última dúvida cruel: PlayStation 3 ou Xbox 360? Existe muito pouco que diferencie as duas versões, uma vez que os gráficos são idênticos, e os tempos de loading entre uma fase e outra só ligeiramente melhores no primeiro. Problema: o console da Sony exige que você instale 5GB de dados no seu disco rígido, um processo que dura cerca de meia hora. Para amenizar o processo, o jogo vai passando slides que recontam a história da série, mas mesmo esses começam a se repetir logo nos primeiro minutos. O sistema de conquistas está presentes em ambas as versões, mas só no 360 ela fica ligada ao seu perfil – você continua a colecioná-las no PS3, mas não pode mostrá-las online.
No fim das contas, não importa a sua preferência de console: o quarto capítulo da lenda de Sparda e seus descendentes chegou à nova geração melhor do que nunca. Mais uma vez, é hora da festa.
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